A ação dos educadores-mediadores de museus e exposições em controvérsias sociotécnicas
(DOUTORADO)
Djana Contier (2014 – 2018)
Esta pesquisa teve como objetivo estudar a ação dos educadores-mediadores de museus e exposições de ciências na mediação de controvérsias sociotécnicas. Para tal, foi utilizada a Teoria Ator-Rede (ANT) de Bruno Latour. A ANT trata do tecido social como um todo – o que Latour nomeia ‘sociologia das associações’ –, mas seus elementos são mais facilmente percebidos durante os estudos das controvérsias sociotécnicas. Neste contexto, foram estudadas duas experiências distintas. A primeira delas se refere à proposição de um curso para os educadores do Museu de Microbiologia do Instituto Butantan, intitulado “Temas controversos e museus de ciências”, realizado em setembro de 2015, que teve como objetivo estimular o debate na equipe acerca das potencialidades e dos desafios de se trabalhar com controvérsias em museus e exposições. Para a estruturação desse curso, foi utilizada a metodologia do mapeamento de controvérsias descrita por Tomasso Venturini (2010), que, por sua vez, pode ser considerada uma ferramenta didática da ANT. A outra experiência foi a formação e a atuação dos mediadores da exposição “Sentidos do Nascer” – uma exposição sobre o parto e o nascimento, realizada pela parceria entre o programa “BH pelo parto natural” e a UFMG, financiada pelo Ministério da Saúde, na sua edição de Brasília, em outubro de 2015. Ancorados na ANT, ao relatar as duas experiências estudadas, tivemos a intenção de criar uma narrativa da qual emergissem as redes de ação dos mediadores-educadores na sua relação com as controvérsias estudadas; processo durante o qual os educadores são afetados por diversos outros atores. Dessa forma, essa pesquisa apresenta uma descrição detalhada das situações nas quais essas experiências aconteceram, dando voz aos educadores-mediadores em relação às suas percepções, suas inquietações e seus desafios no atendimento ao público ao trabalhar com controvérsias sociotécnicas. Do diálogo entre as experiências relatadas e a revisão de literatura sobre “exposições controversas” e sobre “perfil, atuação e formação de educadores de museus”, propusemos uma síntese, na forma de diagrama, com a finalidade de mapear as situações vividas pelas equipes dos museus ao enfrentarem mediações em exposições. O diagrama expressa a relação entre as exposições controversas e o engajamento do público, sendo formado por quatro diferentes zonas de atuação (zona de conforto; zona de encontro; zona de provocações e zona de imprevistos). A descrição das experiências nos mostra como agem os educadores em suas redes, suas relações, suas inquietações e seus desafios. Além disso, fazem emergir alguns aspectos que não se encerram nesta pesquisa. São aspectos que ficam porvir: como lidar com os públicos emocionados e uma nova proposta metodológica para formar educadores para acolherem e/ou enfrentarem controvérsias em museus.
