PRODUÇÃO

O ensino na trilha de uma unidade de conservação: uma análise na perspectiva da teoria antropológica do didático

(MESTRADO)

Glenda Jacqueline Pisetta Hosomi (2020)

O objetivo geral deste trabalho foi compreender o papel educativo da Trilha do Morro do Diabo, situada no Parque Estadual Morro do Diabo, analisando como ocorre o processo de ensino neste local. Esta Unidade de Conservação de proteção integral, localizada no município de Teodoro Sampaio – SP, é gerenciada pelo Sistema Ambiental Paulista e possui, no estado, a maior amostra de Floresta Tropical Estacional Semidecidual, uma fitofisionomia do bioma Mata Atlântica de Interior. O referencial teórico adotado para modelar a ação de ensino analisada foi a Teoria Antropológica do Didático (TAD) em especial seus conceitos de praxeologia e níveis de codeterminação. A abordagem de pesquisa utilizada foi qualitativa, já que o foco foi a análise do processo de ensino e não o produto advindo desta ação. A coleta foi realizada em ambiente natural, com a predominância de dados descritivos. As ferramentas de coleta de dados envolveram entrevistas, análise documental e observação, visando a constituição de um corpo de informações consistentes sobre o objeto de estudo e possibilitando a triangulação de dados, promovendo assim, o rigor da pesquisa. Nos resultados e discussões apresenta-se a descrição detalhada da Trilha do Morro do Diabo, utilizada na construção de duas praxeologias: uma intencionada e outra da visita monitorada. A comparação entre elas permitiu não somente evidenciar o processo de transposição didática envolvido na transformação do saber a ensinar em saber ensinado na Trilha, mas também analisar o ensino neste local frente ao modelo de referência epistemológica da Educação Ambiental. Fazem ainda parte dos resultados a identificação dos níveis de codeterminação e a caracterização dos agentes institucionais responsáveis por conformar as ações de ensino que ocorrem na Trilha analisada, item em que se discutem possíveis aproximações e diferenças entre as Unidades de Conservação e os museus. Este estudo revelou a importância de uma Unidade de Conservação enquanto espaço de educação não formal, explicitando como ocorrem as ações de ensino no que se refere a conceitos científicos e seu papel na ampliação da consciência coletiva acerca da necessidade de se conservar a biodiversidade. Este aspecto é de extrema relevância, especialmente se considerarmos o atual momento político vivenciado no país, em que os avanços referentes à conservação e às questões ambientais encontram-se ameaçados. Entre as conclusões, destacam-se as vantagens e desvantagens dos modos de visitação autoguiado e monitorado e os elementos de dissonância entre a macrotendência de Educação Ambiental preconizada nos documentos oficiais e aquela planejada e executada na prática de ensino na Trilha. Reforça-se ainda, a aplicabilidade dos conceitos da TAD para modelar ações de ensino em espaços de educação não formal e, por fim, são indicadas sugestões para evitar que o ensino em uma trilha de Unidade de Conservação torne-se uma simples “visita a monumento”, mas constitua efetivamente um processo construtivo e crítico de educação.

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