PRODUÇÃO

Crianças em visitas familiares a museus de ciências: análise do processo de alfabetização científica

(DOUTORADO)

Graziele Ap. de Moraes Scalfi (2020)

Os museus de ciências oferecem um ponto de vista privilegiado para se estudar conversas infantis, possibilitando um registro detalhado de como as crianças e seus familiares interagem durante a experiência de visita. Embora saibamos pouco sobre como as crianças desenvolvem a alfabetização científica (AC) em ambientes de educação não formais, pesquisas em museus sugerem que as conversas que as crianças têm entre elas e com os familiares podem refletir e mudar o que entendem sobre a ciência. Diante desse panorama, o objetivo desta pesquisa foi analisar como o processo de alfabetização científica é expresso nos diálogos de crianças de 7 a 11 anos em visita familiar a dois museus de ciências brasileiros, o Museu de Microbiologia do Instituto Butantan (IBu) e o Museu de Ciência e Tecnologia da PUCRS. A pesquisa pautou-se na abordagem qualitativa. Os instrumentos de coleta de dados incluíram a observação, a filmagem, o questionário sociocultural e as entrevistas. A análise dos dados teve como principal orientação a ferramenta teórico-metodológica dos indicadores de alfabetização científica proposta por Marandino et al. (2018), a qual é composta por quatro indicadores – Científico, Interface social, Institucional e Interação – e seus respectivos atributos, seguido de uma análise de conteúdo. Os resultados apontam que todos os indicadores foram identificados, sendo os indicadores Interação e Científico os mais contabilizados, seguido dos indicadores Interface Social e Institucional. Portanto, o processo de alfabetização científica é presente no diálogo das crianças com suas famílias e os museus de ciências são espaços potencializadores dessa prática. No entanto, ressaltamos que dentro de um mesmo indicador há oscilações entre os atributos, ou seja, eles aparecem de forma desigual. Verificou-se, por exemplo, a ausência de diálogos que mencionassem pesquisas que estão sendo desenvolvidas ou que citassem instituições financiadoras de pesquisas. Um número pequeno de conversas fez referências a pesquisadores envolvidos no processo de produção da ciência, reconheceu a ciência como produção humana ou abordou alguma questão controversa da ciência. A forte presença dos indicadores Científico e Interação mostra que a experiência de visita precisa oferecer mais do que uma oportunidade para aprender fatos científicos e precisa oferecer o entendimento de como a ciência é produzida, partilhada e financiada. A compreensão de como a ciência está integrada na sociedade, incluindo seus aspectos morais e éticos contribuirá para o engajamento de crianças na discussão e na tomada de decisões de tópicos relacionados à ciência.

Palavras-chave: alfabetização científica; museus de ciências; crianças, famílias.

Financiador: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

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