PRODUÇÃO

Os bastidores de uma exposição de um museu de história natural: o processo de produção do discurso expositivo e seus agentes.

(DOUTORADO)

Marcus Pinto Soares (2016-2019)

Esta investigação tem como objetivo entender o processo de produção do discurso expositivo com foco na diversidade biológica de um museu de História Natural. Para isto foi realizado um estudo que trata da elaboração e concepção da exposição “Biodiversidade: conhecer para preservar”, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo. Nesse sentido, buscamos compreender: (i) como ocorrem as relações de poder existentes entre diferentes agentes, discursos e agências que estiveram envolvidos na concepção da exposição do Museu de Zoologia da USP?; (ii) quais instâncias e agentes são reguladoras do discurso da exposição?; (iii) como ocorre a seleção de conteúdos, objetos, textos e demais elementos da produção do discurso expositivo?; (iv) e quem define o quê e como será o discurso expositivo final? Estas questões conduzem a produção desta tese, a qual se utiliza de referenciais teóricos- metodológicos do campo da educação museal e dos estudos do currículo, mais especificamente, do trabalho desenvolvido por Basil Bernstein e seus conceitos de Dispositivo Pedagógico e Campos Recontextualizadores. Para responder às questões acima, buscou-se identificar os agentes e agências que atuam no Campo Recontextualizador Pedagógico do museu. A coleta de dados aconteceu por meio de três procedimentos diferentes: entrevistas; análise documental e visita e observação da exposição. Foram entrevistados seis sujeitos que estiveram ligados aos processos de planejamento, elaboração e concepção da exposição; analisados documentos produzidos ao longo desses processos disponibilizados pelos gestores do museu e, por último, foi feita observação e registro fotográfico detalhados do espaço expositivo, buscando perceber especificidades e características das diferentes áreas temáticas da exposição. Os resultados mostram que para a seleção e escolha de conteúdos da exposição e do processo de recontextualização do discurso expositivo, atuaram: a história das exposições do MZUSP; a pesquisa realizada pelo corpo de pesquisadores do MZUSP; a equipe da Divisão de Difusão Cultural, os pesquisadores que atuam nos laboratórios que fazem parte da Divisão Científica; a empresa especializada responsável pela concepção e soluções expográficas; o espaço físico; as tradições expositivas do museu e as dos museus de História Natural; e o campo da comunicação em museus. Concluiu-se que diferentes agências e agentes interferiram no Campo Recontextualizador Pedagógico do museu e que neste processo de recontextualização do discurso expositivo há relações de poder e tensões envolvidas nas escolhas e seleção dos conteúdos. Além disso, o trabalho problematiza dois aspectos importantes que estão relacionados a compreensão de que as exposições se estruturam como textos curriculares e como exposições concebidas com características semelhantes às estudadas nesta tese, podem operar reafirmando a exclusão social de uma parcela menos favorecida da população que as visita.
Palavras-chave: Museu de História Natural; Educação em Museus; Educação não formal; Currículo.

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